quarta-feira, 31 de julho de 2013

Rotina em Salvador, BA,Brasil

Por Mathieu Molitor
Nível Intermediário I

O meu dia sempre começa de maneira brutal com o alarme do meu celular, o qual emite um som muito estridente às 6 horas em ponto. Quando alcanço a cozinha, com a sensação de estar cercado por uma bruma densa, me dirijo para a TV a fim de ouvir Ricardo e Silvana enumerar os acidentes de carros que aconteceram à noite, enquanto verifico se tem alguma coisa no refrigerador que o meu estômago poderia aceitar. No banheiro, sempre tenho um pouco de apreensão, porque tem o famoso aquecedor de banho! Este objeto, que descobri no brasil, obriga a fazer uma escolha : ter só um pouco de água, mas quente, ou ter muita água, mas fria. Em todo o caso, a gente se sente aldrabado.

A caminho da UFBA, na Avenida Oceânica, eu sempre cruzo com as mesmas pessoas. Existe um homem muito velho, talvez 70 anos, de pele branca e muito alto, que anda lentamente no sentido oposto. Provavelmente, ele faz exercício. Entre as duas pistas da avenida, há uma faixa de terra com árvores onde uma mulher de pele preta e roupas vermelhas varre as folhas mortas. O cabelo dela é muito curto, e eu sempre me surpreendo quando a olho : ela é tão gorda, que é difícil dizer onde começam os glúteos e onde acaba a barriga. Ela, realmente, possui uma geometria particular. Mais adiante, há os motoristas de táxi que esperam tranquilamente jogando cartas. Em frente, existe um ponto de ônibus. Lá, eu reparei uma coisa estranha. Normalmente, quando uma pessoa quer que um ônibus pare, ela acena de modo que o motorista possa ver, o que é normal. Mas o engraçado, é que muitas vezes, quando se trata de uma mulher, ela acena e também gesticula com a mão exatamente como faria a asa de um pássaro. Não sei precisamente qual é o objetivo deste extra movimento, mas é claro que não ajuda o motorista  em nada.