quinta-feira, 6 de junho de 2013

Adaptação

Por J. B.
 Nível Intermediário II

   Tema livre....hmm.... Um professor meu que ensina improvisação musical disse uma vez que na limitação se encontra a verdadeira criatividade. O que então eu vou criar nesta liberdade dada pela nossa querida professora Sara?


   Qualquer coisa serve? Acho que não porque pelo menos não quero aborrecer meus colegas que ficam na obrigação de ler e comentar estas palavras. OK, vamos puxar uma conversa sobre as nossas convivências aqui em Salvador que talvez nós tenhamos em comum dentro de nosso processo de adaptação na sociedade baiana. Acredito que a maioria dos gringos quer se adaptar e queiram fazer parte da coletividade , mas isso não é sempre tao fácil.





   Estrangeiros normalmente tem que tratar com alguns incômodos do cotidiano. Seja o perigo de ser atropelado por um carro por causa do jeito especial de conduzir de alguns motoristas brasileiros ou pelo medo latente e permanente de ser assaltado. A burocracia também se torna após a chegada um mistério. Isso primeiramente se coloca em evidencia quando a gente de repente se encontra na obrigação de frequentar o aeroporto com uma certa regularidade para visitar os nossos amigos da policia federal. Eu falo amigos porque eles tratam agente como amigo ou pelo menos como um conterrâneo porque falam em um português bem fluente e rápido explicando quais documentos ainda faltam para conseguir uma identidade. O fluxo constate da fala gera um contraste bonito com a preocupação minuciosa na conformidade da ortografia em todos os documentos entregues. Caso diferencie em um formulário uma letra de um nome, por exemplo, pode gerar a necessidade de uma outra documentação mais complexa para resolver este “problema”.
   A parceria acaba na ultima viagem para o aeroporto no momento que a gente busca a identidade feita em Brasília alias, feita com muito carinho, e um tempo enorme para ser fabricada, tanto tempo que a volta para o pais de origem já é perto da validade da obra, ou seja o tempo despendido coincide com o prazo de validade da carteira.
Também, a matricula na UFBA se torna logo uma aula de pedagogia chocante. Na “Assessoria para Assuntos Internacionais” a gente encontra novamente aquele fluxo luso lingual que nem sempre esclarece todos os detalhes a trajetória para a inscrição acadêmica.
   Mas tudo bem, sempre tem amigos que ajudam. E também tem amigos estrangeiros que precisam de ajuda. Mas algumas perguntas desses amigos meus, que moram já um tempo aqui não sei até hoje responder. Por exemplo:
Como funciona o sistema de transporte público? Porque o ônibus param as vezes sim e as vezes não no ponto? Porque a gente tem que pegar uma ficha antes de comprar uma coisa? Porque a maioria das pessoas utilizam milhões de sacola de plastico ao fazer compras no supermercado? Porque sempre tem fila? Para que tem um monte de vendedores numa loja só? Porque o Banco 24 horas funciona as vezes e as vezes não? etc.... Neste momento eu percebo que eu não faço mais estas perguntas ou pelo menos não me preocupo mais com as respostas. Isso significa que eu já atingi um certo nível de adaptação! Isso é bom ou ruim? Não sei. O que vocês acham?




4 comentários:

  1. Iluminadissimo, J.B.: acredito que estas experiencias de amizade que voce descreveu com tanto amor, carinho e criatividade sugerem, sim, que voce ja atingiu nao so um certo nivel de adaptacao no Brasil mas tambem um nivel bem alto. Digo isso porque grande parte dos parametros que se usa para medir o nivel de adaptacao consistem na quantidade de ironia que a pessoa consegue achar em cada situacao -- seja no dia a dia ou num dia anormal. Mes parabens, ilustre mestre, professor, doutor e especialista na area de apreciacao das ironias e adaptacao a sociedade baiana! Que seu caminho para iluminacao total seja cada vez menos cheio de viagens para esse tal do aeroporto... :)

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  2. É assim mesmo. Fazer o que?. Mas, a gente pode tentar ser criativo...e fazer um pouco de música. Se não for o caso, vai terminar brigando com o mundo, e com certeza, doente.
    Pela mesma razão eu sou hipertenso há já uns anos e devo tomar dois comprimidos diários de lozartana por dia. O médico já falou “Ou Você relaxar ou vai morrer antes de tempo”.

    W.P.

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  3. Rapaz, vôce está "adaptando" mesmo, ou seja,está escolhendo aceitar todos os problemas que existem aqui no Brasil. E para mim, na verdade isso é tão triste, porque nada vai mudar se todo mundo escolher adotar essa atitude.

    Por S M

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