quinta-feira, 6 de junho de 2013

A Desigualdade no Brasil

Por R. D.
Nível Intermediário II

 Uma das piores coisas do Brasil (e, na verdade, do mundo inteiro) consiste na desigualdade social, econômica e racial. Com certeza estes três tipos de desigualdade são interdependentes, mas, mesmo assim, é importante falar dos três separadamente para não deixar o assunto ficar em termos muito gerais.


   A desigualdade social se vê muito no Brasil em termos das classes da sociedade e da diferença de valor que está atribuído a cada uma. Um exemplo desse valor que muda para as pessoas de diferentes classes sociais se encontra dentro da própria linguagem brasileira. Por exemplo, uma pessoa que fica nos sinais lavando os vidros de carro aqui se chama “flanelinha”. Esta palavra já vem com uma conotação negativa, pois é usada para chamar uma pessoa de um objeto inanimado: ou seja, um tipo de pano pequeno. Em outras palavras, o apelido acaba minimizando as características humanas da pessoa que trabalha nesta função, o qual acaba fazendo com que seja mais fácil da sociedade enxergar esta pessoa como um ser humano inferior.

   A desigualdade econômica fica bem evidente em todas as cidades grandes do Brasil. Vê-se muitas coisas de luxo (ex, carros novos, grifes caros e condomínios fechados) justapostas com pobreza severa (ex, moradores de rua, altos índices de roubo e furto e pessoas com a necessidade de trabalhar no mercado informal para ganhar uma vida). Isso tudo acaba criando uma série de preconceitos dentro da sociedade brasileira pelo simples fato de ter milhões de pessoas que, embora sejam vizinhas, moram em universos distintos e sem muito entendimento, nem compreensão da realidade do outro.

   O último tipo de desigualdade que gostaria de abordar neste texto consiste na desigualdade racial. Ainda, até hoje, muitas pessoas brasileiras negam que exista um tratamento diferenciado entra as diferentes raças no Brasil. Acho muito estranho isso, especialmente à luz de que quase todo mundo insiste em referir à uma pessoa negra como “moreninho” ou “moreninha”, pois acha que dizer “negro” ou “negra” seria ofensivo e interpretado como um insulto. Fora do mais, o fato do grupo mais excluído—e que sofre mais vulnerabilidade social e econômica—da sociedade brasileira consistir em pessoas afrodescendentes já demonstra que existe muita desigualdade racial no país; e isso sem falar dos outros grupos excluídos de maneiras parecidas, tais como os indígenas.

   Já tratei um pouco do problema da desigualdade no Brasil, e agora gostaria de oferecer uma solução. Sem querer ser muito genérica ou clichê, acredito que muito, quer dizer quase tudo, começa e termina com o investimento na educação e com a igualdade no acesso à mesma. Se cada indivíduo tivesse a oportunidade de receber uma boa educação, de qualidade, desde uma idade pequena—inclusive com tempo e condições de estudar fora o âmbito da sala de aula—então os fatores de classe social, estado econômico e grupo racial teriam bem menos impacto no valor dado a cada pessoa no contexto da sociedade. E, este tipo de educação igualitária só poderia vir através de um maior investimento público e privado. Imagine se toda pessoa fosse obrigada a estudar em escolas públicas. Será que os pais ricos e pobres, os porteiros e empresários, os negros e brancos não iriam trabalhar juntos para criar um sistema melhor e mais funcional para todos?


2 comentários:

  1. Europa,EEUU e Japão, geraram o atual ordem económico mundial. No Chile, -que é o caso que eu conheço- o que tem acontecido nos últimos 40 anos é a superação da miséria ou da extrema pobreza. (A miséria humana continua a mesma). Foi o laboratório neoliberal do mundo.
    A pobreza, ao invés, tem aumentado, (O miserável virou pobre e a classe média diminuiu),ainda que o ingresso meio por pessoa passou de 1700 a 17.000 dólares. A miséria desceu de 40 a 2,2 % e alguns indicadores no país são similares com os da Noruega. Você já não percebe pessoas comendo do lixo, nem tão mau vestidas. O analfabetismo é quase zero.
    A desigualdade social é gigante, uma das maiores do mundo, junto a Brasil e alguns países na África. Chile tem um dos maiores índices de depressão e horas trabalhadas por pessoas no mundo.
    Deu certo?. Acho que como planejado.
    W.P.

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  2. Alguns meses atrás eu entrevistei uma mulher do candomblé e nos discutimos também sobre a desigualdade e o racismo no Brasil. Ela falou que um dos majores problemas no Brasil seja que as pessoas não sabem quem eles sao. Isso quer dizer que a própria identificação é feita mais através da cor de pele. Os conhecimentos sobre as estruturas raciais na sociedade são menos profundos. Nao existe em um discurso critico da historia colonial do pais nas escolas. Embora existir uma lei sobre o ensino obrigatório da cultura afro-brasileira, as escolas ensinam a historia do pais mais a partir da perspectiva do vencedor. Pelo que eu fui informado a pedagogia atualmente praticada nao esta sensibilizada suficiente para tratar com esta composição complexa de alunos.

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